Tatuador há quase 20 anos, o carioca Mark Tattoo sempre esteve envolvido
com arte, em exposições, bibliotecas e cursos de pintura, e nunca deixou
o lado criativo de lado. Aos 22 anos, todos os caminhos o levaram para a
tatuagem, quando iniciou em um mercado ainda fechado e com pouco acesso
às informações da área. Como principais inspirações na arte, Mark Tattoo
cita Boris Valejo, Julie Bell, Alberto Vargas e Alphonse Mucha. Suas
obras têm referências do realismo e preto e branco.
Como e quando iniciou no mundo da Tattoo de forma profissional?
Iniciei no ano de 2000. Já tatuava em casa como hobby, com amigos, na resenha. E graças ao incentivo deles, investi no profissional.
Hoje, quais são suas principais influências?
Nos coloridos tenho muita referência de Jeff Gogue, Teresa Sharpe, Shinge, e outros mais. No preto e cinza, Fernando souza e Morbene

Como funciona a criação das artes para os clientes? Você pega referências e/ou faz peças exclusivas?
Na criação, depende muito do pedido do cliente. Mas sempre que possível, tento passar uma arte exclusiva.
Você lembra da sua primeira tatuagem?
Em mim. Assim que recebi o kit básico de tatuagens comprado pelas propagandas das revistas na época.
Com a popularização da tatuagem nos últimos anos, você vê o meio unido ou os profissionais estão 'cada um por si'?
Nos últimos seis anos, houve uma grande evolução na profissão. O surgimento de novos grandes artistas, investimentos na qualificação dos materiais usados, cosméticos e sem falar que conseguimos colocar a tatuagem num nível de destaque que há 10 anos não imaginaríamos, a nível de arte e divulgação. Com isso, vejo como 'sim' à resposta. Estamos vivenciando um momento mais consistente no que diz respeito à união para melhoria da profissão.
Após quanto tempo você acredita ter conseguido criar sua própria identidade dentro do estilo?
Nossa área é uma constante em evolução. Após estudos e desafios a cada trabalho realizado, diante de tantas referências que temos, hoje a nível nacional mesmo.
Qual pedido de tatuagem mais inusitado que já te fizeram?
Na sola dos dedos dos pés.

Qual parte do corpo você julga mais complicada para trabalhar, seja tatuar, preencher ou pintar?
Palma da mão por causa da sensibilidade, dificuldade de pigmentação e por ser uma área de constante atrito.
Você já teve que lidar com preconceito por conta da profissão em algum momento? Conta como foi.
Infelizmente vivemos uma sociedade em que a forma de pensar ainda gera conflitos. Imagine por estilos de vida. O preconceito ainda está longe de ser um marco do passado.
Quais os próximos passos da tatuagem na sociedade, na sua opinião?
Ter o reconhecimento cultural e uma forma de desenvolvimento social e intelectual. E ainda poder ter investimentos do governo.
Algo na sua trajetória como tatuador que teria feito diferente? O que?
Não.
Há quanto tempo está no estúdio que tem atualmente?
Há 10 anos com a minha loja.
Já participou de muitas convenções e workshops?
Convenção, sempre como visitante. E workshops, sempre que possível.
Qual a importância desses eventos para a profissionalização e popularização da tattoo no Brasil?
As convenções vão sempre ser a melhor forma de reunir os melhores
profissionais dentro de cada categoria, e mostrar ao público o nível que
se pode alcançar dentro de cada pedido ou sonho, em ter estampado na
pele o registro de determinada fase ou sentimento. Juntamente a isto, é
importante por ficar a par dos riscos de fazer um trabalho em ambientes
sem procedência que ofertam valores atrativos, porém duvidosos. Aquele
barato que sempre sai caro. E valorizar, assim, os artistas que tanto se
esforçam em ter nosso talento e movimento respeitados.